A Teologia da Libertação completa em 2011 40 anos num
completo processo de esquecimento pela igreja Católica. Criada a partir das
mudanças introduzidas pelo Concílio Vaticano II, de 1962, essa proposta
teológica incorporou algumas categorias do marxismo e possibilitou o surgimento
de Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs), a opção preferencial pelos pobres e
um debate que incendiou católicos no mundo todo. Culminou com a proibição dela
pelo cardeal Joseph Ratzinger, o hoje papa Bento XVI, que era prefeito da
Sagrada Congregação Para a Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício) no pontificado de
João Paulo II.
Um dos principais teólogos dessa vertente católica, o
ex-frei brasileiro Leonardo Boff foi duas vezes punidos por Ratzinger com o
“silêncio obsequioso” e ficou mais de dois anos sem poder dar entrevistas,
fazer palestras ou publicar livros sobre Teologia da Libertação. Acuado, Boff
deixou a batina e hoje está mais ligado a causas do meio ambiente. É de
Leonardo Boff o livro “Igreja, Carisma e Poder” que deixou João Paulo II e o
cardeal Ratzinger de batina em pé e deu início ao processo de renovação do
episcopado brasileiro empreendido durante João Paulo e aprofundado agora.
Em Manaus, a Teologia da Libertação teve fôlego nos anos 80
a partir de seu epicentro no Centro de Estudos do Comportamento Humano
(Cenesch), escola de nível superior mantida pela igreja Católica e que tinha um
curso de Teologia e outro de Filosofia. Neste último, tanto Leonardo quanto o
irmão dele, Clodóvis Boff, faziam parte do quadro de docentes.
A partir da ação do clero progressista ligado, a TL entrou
nas pastorais sociais de Manaus e ai fez várias pequenas “revoluções”. A
Pastoral Indigenista gestou o movimento pela demarcação das Terras Indígenas e
na visita de João Paulo II ao Amazonas uma liderança indígena fez o discurso de
recepção no Arcebispado.
A Pastoral Operária também estava eivada de conceitos da
Teologia da Libertação. Ela foi particularmente importante e freqüente nas
grandes greves dos anos 80 no Distrito Industrial, quando as condições de
trabalho e o arrocho dos salários eram denunciados nacionalmente em movimentos
que fechavam a então bola da Suframa.
Nenhuma pastoral ligada a TL foi tão ativa quanto a Pastoral
da Terra. Religiosos como o padre Albano e a irmã Helena pregavam a necessidade
do povo se organizar para ter acesso a terra e aí eles foram fortes nos
processos de invasões que culminaram com a formação da maioria dos bairros de
Manaus.
Protagonismo
A principal característica da Teologia da Libertação é
considerar o pobre, não como um objeto de caridade, mas como sujeito de sua
própria história e libertação. Por esssa razão, os teólogos dessa vertente
propõem uma pastoral alicerçada nas comunidades eclesiais de base, nos
movimentos sociais.
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